A Prefeitura Municipal da Ilha de Itamaracá realizará no próximo domingo dia 10/07/2011, em Vila Velha, ato em memória ao Padre Pedro de Souza Tenório, vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e líder na Revolução Pernambucana, enforcado em 10 de julho de 1817.
A partir das 8h, uma caminhada será realizada na Trilha dos Holandeses, com saída no Forte Orange, em frente à igreja São Paulo; às 09h, ciclistas farão um passeio na estrada de Vila Velha, na chegada haverá sorteios de bicicletas e apresentações culturais, além de partida simbólica de Futebol e, ainda em Vila Velha, às 11h, será ministrada na igreja de Nossa Senhora da Conceição, uma palestra sobre o Padre Tenório.
Saiba mais:
A Revolução Pernambucana teve início no Recife em 06.03.1817, quando foi declarada a nossa independência. Durante 75 dias foram implantados uma República, com Presidente, Constituição, liberdade de imprensa, ministérios, exército, marinha, embaixada e o início da abolição da escravatura, além da 1ª universidade, em Olinda, além da construção da 1° Bandeira de Pernambuco.
Na verdade, a Revolução Pernambucana estava prevista para explodir no mês de Abril de 1817 em todo Nordeste, porém foi descoberta. É ai que entra em cena um dos mais valorosos e destemidos homens da nossa história: O padre Pedro de Souza Tenório.
O dinâmico PADRE TENÓRIO, educado na famosa Universidade de Coimbra, em Portugal, havia sido designado para ocupar a paróquia da vila de Nossa Senhora da Conceição (Vila Velha, em Itamaracá). Ali desenvolveu um estupendo trabalho junto aos seus paroquianos, tanto no plano pastoral quanto na agricultura. Como Itamaracá era uma região rica, com dezenas de engenhos em pleno funcionamento, ensinou as mais modernas técnicas agrícolas, implantando novas culturas de cana de açúcar e máquinas revolucionárias para aquela época.
Logo após eclodir a revolta em Recife, o Juiz de Goiana, o português José Alexandre Silveira estava na casa do Padre Tenório, na Vila Velha, quando chegou a notícia da revolução e, ao perceber que o padre estava envolvido, saiu em desabalada carreira e se refugiou no Forte Orange, cuja guarnição se preparou para a guerra. Mas o religioso caridoso, inteligente e destemido Padre Tenório cercou o Forte Orange com os paroquianos e uma pequena tropa vinda em seu auxílio. Porém as muralhas e os imponentes canhões eram amedrontadores e imbatíveis.
Segundo relatado no romance "A Noiva da Revolução", enquanto fazia o cerco, o Padre Tenório mandou perguntar se o Comandante do Forte Orange estava contra ou a favor do novo governo, e a resposta foi: "quem quisesse saber fosse lá indagar, pessoalmente!..." Um dos seus amigos partiu para cima do vigário, pedindo para ele não ir, porque o risco era muito grande. Sozinho e desamparado, lá dentro, poderia ser preso, até mesmo morto, e o povo da ilha ficaria sem comando. Foi então que Padre Tenório com passos firmes rumou sozinho até os grossos e intransponíveis portões da fortaleza, adentrou sozinho no Forte Orange e rendeu toda a guarnição portuguesa e deu voz de prisão ao Juiz de Goiana que ali se refugiara, obrigando-o a dar "VIVA A REVOLUÇÃO, VIVA A PÁTRIA E VIVA A LIBERDADE!".
Este ato de bravura deu grande ânimo aos revoltosos que dominaram todos os demais distritos, sendo o Padre Tenório imediatamente nomeado como secretário-ajudante do novo governo, porém, meses depois, culminou com a sua condenação e enforcamento, quando os bravos e destemidos patriotas foram derrotados.
Padre Pedro de Sousa Tenório, vigário de Itamaracá e um dos líderes da Revolução Pernambucana de 1817, foi enforcado, teve a cabeça decepada, as mãos cortadas, o corpo amarrado a um rabo de cavalo e arrastado pelas ruas do Recife.
A revolução durou apenas 75 dias, pois não houve tempo para preparar as outras províncias do Nordeste. Porém o exemplo de bravura dos patriotas não foi em vão, pois a independência do Brasil foi conseguida cinco anos depois, em 07/09/1822.