quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Governo do Estado lança Funcultura/Audiovisual com R$ 8 milhões

Edital de fomento à produção de cinema e vídeo já está no ar. Fundarpe instituiu subcategoria Ary Severo que substituirá o concurso de roteiros anteriormente realizado em parceria com a PCR

Em menos de quatro anos, o cenário do Audiovisual pernambucano passou por uma notável transformação – e para melhor – em toda a sua cadeia produtiva. Ao lançar, nesta terça-feira (21), a edição 2010/2011 do Funcultura/Audiovisual (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura), o Governo do Estado chega à marca de R$ 20 milhões investidos no fomento a projetos da produção independente. Um valor quase sete vezes maior do que o investido nos quatro anos anteriores à atual gestão.

[ARQUIVOS]

Desde o primeiro edital, em 2007, até o ano passado, foram viabilizados 137 projetos nas categorias Longa-Metragem, Curta-Metragem, Produtos para TV, Formação e Difusão e Incentivo ao Cineclubismo. Além dessas categorias, este ano, haverá uma novidade. O antigo prêmio Ary Severo/Firmo Neto – realizado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), em parceria com a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) – será substituído pela subcategoria “Ary Severo”, na categoria Curta-Metragem, em que será destinado um teto de até R$ 200 mil para a execução de um curta.

O edital já está disponível nos links acima, no entanto as inscrições só poderão ser feitas entre os dias 1º e 12 de novembro, no horário das 8h às 13h, na Coordenadoria de Cinema e Vídeo da Fundação, na Rua da Aurora, 463/469, Boa Vista, Recife-PE, CEP: 52050-000. Também serão aceitos trabalhos enviados pelos Correios com data de postagem até o último dia de inscrição.
[CATEGORIAS]

LONGA-METRAGEM
– Nesta categoria, estão garantidos R$ 3,5 milhões, divididos em quatro itens: desenvolvimento de projeto, produção, finalização e distribuição. No primeiro caso, o valor máximo deve chegar a R$ 25 mil para documentários e R$ 50 mil para ficção ou animação. O teto estipulado para a etapa de produção será de R$ 520 mil, enquanto a de finalização e distribuição ficam na casa de R$ 300 mil e R$ 150 mil, respectivamente.

CURTAS – Os proponentes interessados em participar na categoria devem apresentar suas propostas para a realização integral do filme ou finalização, incluindo cópias em películas (35mm) ou mm digital, somando um total de R$ 1,5 milhão. A partir deste ano, fica instituída a modalidade Ary Severo que escolherá dois roteiros inéditos, sendo um para diretor estreante. Nesse caso o montante máximo é de R$ 100 mil para as produções finalizadas em 35 mm e R$ 70 mil àquelas em formato digital.

PRODUTOS PARA TV – O teto para a esta categoria é também de R$ 1,5 milhão, para realização de programas de TV, minisséries, microsséries, séries de documentários e interprogramas, produzidos em vídeo, com matriz de captação em MiniD, Betacam Digital, DVCam, HDV, HD TV ou formato tecnologicamente superior, destinadas a exibição em canais de televisão brasileiros.

DIFUSÃO, PESQUISA E FORMAÇÃO – Um milhão e quatrocentos mil reais é o valor máximo para todos os em projetos de pesquisa, festivais e mostras de cinema e/ou vídeo, oficinas, cursos, seminários, bem como confecção e distribuição de DVD de obras produzidas. No caso de mostras e festivais, ficam estabelecidos três níveis de incentivo: até R$ 200 mil (eventos com duração mínima de 5 dias que abranjam outros estados e países e envolva uma média diária de 500 pessoas); até R$ 100 mil (eventos com duração mínima de 3 dias que abranjam outros estados e envolva uma média diária de 300 pessoas); e até R$ 50 mil (todos os demais projetos).

CINECLUBISMO – Uma das atividades mais incentivadas pelo Governo do Estado, o Cineclubismo ganha, este ano, um teto de R$ 100 mil para criação e manutenção de cineclubes e difusão de eventos relacionados ao tema. É o caso da nova modalidade integração de linguagens voltada para os cine mais cultura ou cineclubes já existentes há seis meses ou mais, objetivando a interação com outras linguagens como eventos musicais, de dança, seminários, etc.

INTERIORIZAÇÃO – O edital atende ainda uma demanda exposta nos fóruns regionais de cultura: o incentivo às produções audiovisuais no Agreste e Sertão. Por esse motivo, deverá ser aprovado, pelo menos, um curta-metragem de proponente residente numa dessas duas regiões. O mesmo se aplica para mostra ou festival e projetos de formação realizados em, pelo menos, um município do Agreste ou Sertão.

SELEÇÃO – Os projetos serão avaliados pela Comissão Deliberativa do Funcultura e uma Comissão de Assessoramento Técnico e Temático em três fases. A primeira diz respeito ao cumprimento das exigências documentais do edital. Já a segunda etapa é a análise de mérito das propostas pelas duas comissões. Por último, há a defesa oral dos concorrentes, com exceção dos contemplados na modalidade Ary Severo, pois o anonimato do postulante será preservado.

INCLUSÃO SOCIAL – De acordo com o texto deste ano, os vencedores do Funcultura/Audiovisual deverão autorizar a presença, durante as filmagens e eventos, de estudantes dos projetos Células Culturais nas Escolas e outros grupos de formação promovidos pela Secretaria de Educação ou Fundarpe, na condição de observadores. Além disso, todos os projetos deverão utilizar, em seu processo de produção, pelo menos, 60% da mão-de-obra pernambucana.
[CRONOGRAMA DO FUNCULTURA/AUDIOVISUAL]
20/09/2010 a 23/09/2010 – Lançamento e publicação no Diário Oficial.
24/09/2010 a 30/09/2010 – Prazo para Impugnação do Edital.
01/11/2010 a 12/11/2010 – Inscrições dos Projetos no FUNCULTURA.
13/11/2010 a 24/11/2010 – Análise do atendimento às exigências e documentação dos projetos.
22 a 24/11/2010 – Reunião da Comissão Deliberativa do FUNCULTURA para homologação dos projetos que vão para análise técnica.
25/11/2010 – Publicação na Internet dos selecionados para análise técnica pelas comissões técnica e temática e Deliberativa do FUNCULTURA.
26/11/2010 a 03/12/2010 – Prazo para apresentação de recurso da seleção de documentação e exigências do edital.
04/12/2011 a 02/02/2011 – Análise dos projetos técnicos pelas Comissões Técnicas e Temáticas e pela Comissão Deliberativa do FUNCULTURA.
03/02/2011 a 11/02/2011 – Reuniões da Comissão Deliberativa do FUNCULTURA com os representantes das Comissões Técnicas e Temáticas para definição dos projetos que irão para defesa oral em cada uma das categorias contidas neste edital.
12/02/2011 a 15/02/2011 – Convocação dos selecionados para a defesa oral (via e-mail)
15/02/2011 – Divulgação dos selecionados para a defesa oral na internet
16/02/2011 a 25/02/2011 - Defesa oral dos projetos aprovados na segunda fase de seleção (períodos da manhã e tarde).
19/02/2011 a 28/02/2011 - Reuniões dos Grupos de Assessoramento Técnico e Temático com a Comissão Deliberativa do FUNCULTURA.
Até 15/03/2011 – Anúncio e Publicação, no Diário Oficial e no site da FUNDARPE, dos projetos selecionados e dos respectivos valores, dos projetos selecionados no 4° Edital do Programa de Fomento à Produção Audiovisual de Pernambuco – FUNCULTURA Etapa II.
16/03/2011 a 15/04/2011 – Entrega da Documentação atualizada pelos proponentes dos projetos selecionados.
18/04/2011 a 17/05/2011 – Elaboração dos Termos de Compromisso dos projetos selecionados.
A partir de 18/05/2011 – Início de liberação dos incentivos dos contemplados neste edital.

[HISTÓRICO]


O primeiro edital – lançado em outubro de 2007 – que teve R$ 2.100.000,00 (dois milhões e cem mil reais) tendo 29 projetos aprovados, sendo:
• 8 Projetos de longa-metragem
• 8 Projetos de curta-metragem
• 9 Projetos de Produtos para TV (minisséries, séries de documentários, programas de TV etc)
• 8 Projetos de Formação (cursos e oficinas) e Difusão (mostras, festivais, etc)

O segundo edital – lançado em outubro de 2008 –  teve R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) tendo 47 projetos aprovados, sendo:
• 10 Projetos de longa-metragem
• 13 Projetos de curta-metragem
• 11 Projetos de Produtos para TV (minisséries, séries de documentários, programas de TV etc)
• 10 Projetos de Formação (cursos e oficinas) e Difusão (mostras, festivais, etc)
•  03 Projetos de Cinbeclubismo

O terceiro edital – lançado em dezembro de 2009 – teve R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais) tendo 61 projetos aprovados, sendo:
• 16 Projetos de longa-metragem
• 15 Projetos de curta-metragem
• 8 Projetos de Produtos para TV (séries de documentários, séries de interprogramas, programas de TV etc)
• 14 Projetos de Formação (cursos e oficinas) e Difusão (mostras, festivais, etc)
• 08 Projetos de Incentivo ao cineclubismo

Fundo Nacional da Cultura

R$ 300 milhões para 2010 e proteção de contingenciamento para 2011

Na manhã desta quarta-feira, 22 de setembro, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, anunciou a conquista do orçamento de R$ 300 milhões para o Fundo Nacional da Cultura (FNC), para ser compartilhado entre oito Fundos Setoriais ainda em 2010. O anúncio foi feito durante evento de cerimônia de posse dos Comitês Técnicos de Incentivo à Cultura da Comissão do Fundo Nacional da Cultura, em Brasília.

“Para o artista e o produtor de cultura estabelecer uma relação com o seu público, ele tem que vender o seu produto de alguma maneira. Por isso, é tão importante para o setor pensar a sua dimensão econômica”, ressaltou Juca Ferreira. Ele também fez questão de repetir alguns números que mostram a exclusão da população brasileira no acesso à Cultura. “O Brasil não consegue levar nem 20% da população para o consumo das produções culturais.”

O secretário executivo do MinC, Alfredo Manevy, também presente ao evento, lembrou que o FNC foi, por um longo período, muito desvalorizado e pouco democratizado. “Até então, sempre foi priorizada uma política de renúncia fiscal. Presenciamos hoje na área da cultura brasileira uma dificuldade de fortalecer as pequenas instituições e as pequenas empresas. Vemos até instituições de excelência com problemas para se manter. Tudo isso é consequência de um modelo de fomento desorganizado”, destacou. “Com a criação dos Fundos Setoriais de Cultura teremos fontes complementares para financiar o desenvolvimento da cultura nacional”, prosseguiu.

O encontro também foi marcado pela primeira reunião desses comitês, que passaram parte da manhã e toda a tarde em discussão das propostas de diretrizes e ações para cada um dos oito Fundos Setoriais do Fundo Nacional da Cultura. São eles: Acesso e Diversidade, Ações Transversais, Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança e Teatro, Livro, Leitura, Literatura e Língua Portuguesa, Patrimônio e Memória, e Música.

Na próxima sexta-feira, 24 de setembro, as diretrizes e ações propostas por cada um dos comitês ainda serão homologadas, ou não, pela equipe do Comitê do Fundo Nacional da Cultura. Esta é a primeira vez que o MinC disponibiliza para a sociedade a possibilidade de discutir sobre o que fazer com os recursos do FNC.

Cada um dos comitês dos Fundos Setoriais é composto por 17 integrantes, sendo sete do Ministério da Cultura (MinC), sete da sociedade civil e mais três da sociedade civil - os chamados “de notório saber”. Entre os integrantes da comissão estão os escritores Affonso Romano Sant’Anna e Moacyr Scliar (Comitê Técnico do Livro, Leitura, Literatura e Língua Portuguesa), o curador do MASP, Teixeira Coelho (Artes Visuais), o diretor do SESC-SP, Danilo dos Santos Miranda (Ações Transversais), e o produtor de teatro Eduardo de Souza Barata (Circo, Dança e Teatro).

FNC garantido para 2011

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, no último mês de agosto, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2011 com uma emenda que protege o Fundo Nacional de Cultura de qualquer forma de contingenciamento.
O FNC é um fundo público constituído de recursos destinados exclusivamente à execução de programas, projetos ou ações culturais. O MinC pode conceder este benefício por meio de programas setoriais realizados por edital, ou apoiando propostas que, por sua singularidade, não se encaixam em linhas específicas de ação, as chamadas propostas culturais de demanda espontânea. Em 2007, foram disponibilizados R$ 472,8 milhões do FNC para serem investidos em programas e projetos culturais no ano de 2008. O valor investido em 2009 - aprovado em 2008 - subiu para R$ 523,3 milhões. No ano de 2010 - aprovado na LDO de 2009 - o Ministério da Cultura conseguiu R$ 898,1 milhões para o FNC, dos quais R$ 300 milhões serão destinados aos novos fundos.

Fonte:  Comunicação Social/MinC

Oscar 2011

 

"Lula, o Filho do Brasil" concorrerá à indicação de Melhor Filme em Língua Estrangeira

O presidente da Academia Brasileira de Cinema, Roberto Farias, anunciou que, por opinião unânime da Comissão de Seleção, o longa-metragem “Lula, o Filho do Brasil” (dir. Fábio Barreto; Brasil, 2009) vai concorrer a uma indicação à categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira, na 83ª Premiação Anual, promovida pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences - Oscar 2011. A decisão foi divulgada no final da manhã desta quinta-feira (23), na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

“Votamos no filme que nos pareceu mais bem feito, que honra a cinematografia brasileira e tem como atriz Glória Pires, que se torna uma excelente candidata ao prêmio de Melhor Atriz”, explicou Roberto Farias. “Nossa posição não tem nenhuma ligação política. Lula é uma estrela aqui e fora daqui, internacionalmente conhecida”, completou.

Agora o filme concorrerá com produções de mais de 95 países à indicação final. Os cinco longas selecionados para concorrer ao Prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira serão anunciados em 25 de janeiro de 2011. A cerimônia de premiação será realizada no dia 27 de fevereiro de 2011.

Ao todo, 23 filmes brasileiros disputaram a chance para tentar uma vaga em um dos prêmios mais cobiçados da sétima arte foram: “A Suprema Felicidade”, “Antes que o Mundo Acabe”, “As Melhores Coisas do Mundo”, “Bróder”, “Carregadoras de Sonhos”, “Cabeça a Prêmio”, “Cinco Vezes Favela - Agora Por Nós Mesmos”, “Chico Xavier”, “É Proibido Fumar”, “Em Teu Nome”, “Hotel Atlântico”, “Lula, o Filho do Brasil”, “Nosso Lar”, “O Bem Amado”, “O Grão”, “Olhos Azuis”, “Os Inquilinos”, “Os Famosos e os Duendes da Morte”, “Ouro Negro”, “Quincas Berro D’água”, “Reflexões de um Liquidificador”, “Sonhos Roubados” e “Utopia e Barbárie”.

Comissão de Seleção

Este ano, pela primeira vez, a Comissão de Seleção foi ampliada e o Ministério da Cultura não foi a única instituição a indicar os membros dessa comissão que escolheu o concorrente brasileiro. O grupo é composto por nove representantes, indicados pela Academia Brasileira de Cinema (ABC), Agência Nacional de Cinema (Ancine) e pelo Ministério da Cultura (MinC). Veja a lista:

Nome

Perfil

Indicado (a) por

Roberto FariasCineasta, presidente da Academia Brasileira de Cinema
ABC
Clélia BessaProdutora de cinema e professora da PUC-RJ
ABC
Elisa TolomelliProdutora, diretora e roteirista de cinema
ABC
Mariza Leão Salles de RezendeProdutora de cinema e presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Audiovisual do Rio de Janeiro (SICAV)
ABC
Leon CakoffCrítico de cinema, criador e diretor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Ancine
Márcia Lellis de Souza Amaral (Tata Amaral)Cineasta


Ancine
Cássio Henrique Starling CarlosJornalista e crítico de cinema

MinC
Frederico Hermann Barbosa MaiaAssessor do Ministério da Cultura

MinC
Jean Claude BernardetCineasta, crítico cinematográfico, escritor, teórico e professor da UnB e da USP
MinC

O filme

Lançado oficialmente no dia 1º de janeiro de 2010, “Lula, o Filho do Brasil” conta a trajetória pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (interpretado por Rui Ricardo Diaz) desde seu nascimento, em 1945, quando, no sertão pernambucano, Dona Lindu (Glória Pires), uma mulher simples e de fortes valores morais, dá à luz o seu sétimo filho, Luiz Inácio da Silva, e enfrenta o abandono do marido e as dificuldades de criar seus filhos sozinha na “cidade grande”. Em 1980, Lula se torna o maior líder sindical do país e emerge como uma força política renovadora. Uma vida marcada por dificuldades, perdas e uma notável capacidade de superação.

“Lula, o Filho do Brasil” conta a saga da família Silva, semelhante a de tantas outras famílias Silva do Brasil. Ainda no elenco: Cléo Pires (no papel de Lurdes), Juliana Baroni (Marisa Letícia), Milhem Cortaz (Aristides), Lucélia Santos (Professora) e Antônio Pitanga (Seu Cristóvão), entre outros.

Fonte: Comunicação Social/MinC

domingo, 19 de setembro de 2010

Abertas inscrições para edital 2010 do Patrimônio Vivo de Pernambuco

Estão abertas as inscrições para o edital 2010 do Registro de Patrimônio Vivo (RPV) de Pernambuco. Podem se candidatar pessoas físicas ou grupos culturais, constituídos juridicamente ou não. Os interessados têm até o dia 22 de outubro para se inscrever. O edital, o regulamento e os formulários de inscrição estão disponíveis nos links abaixo:
[Patrimônios Vivos de Pernambuco] Anexo I e II - formulário de inscrição RPV
[Patrimônios Vivos de Pernambuco] Regulamento do VI concurso do RPV 2010[Patrimônios Vivos de Pernambuco] Lei do RPV PE - n. 12.196
[Patrimônios Vivos de Pernambuco] Decreto - n. 27.503

Anualmente, o Governo do Estado concede o título vitalício a três personalidades que fazem a história cultural de Pernambuco. Para concorrer, as candidatura ao RPV devem ser propostas por prefeituras ou secretarias municipais de  Cultura,  a Secretaria Estadual de Educação, o Conselho Estadual de Cultura, a Assembléia Legislativa ou entidades sem fins lucrativos constituídas há pelo menos dois anos e que tenham como uma de suas finalidades a proteção ao patrimônio cultural ou artístico estadual.

Cada proponente só pode apresentar uma candidatura por ano. Para participar enquanto pessoa física é preciso ter nacionalidade brasileira, residir no Estado há mais de 20 anos e comprovar currículo de trabalho na área cultural há mais de 20 anos, além de apresentar declaração de renda. Já os grupos culturais, além da declaração de renda, precisam comprovar ter 20 anos de existência em Pernambuco e atuação no fomento à cultura popular e tradicional pelo mesmo período de tempo.

 Atualmente, Pernambuco conta com 21 patrimônios vivos em atividade. São eles o cineasta Fernando Spencer, a cirandeira Lia de Itamaracá, a circense Índia Morena, o sanfoneiro Camarão, os ceramistas Mestre Nuca e Zé do Carmo, os xilógrafos Dila, José da Costa Leite e J. Borges, a coquista Selma do Coco e os artesãos Zezinho de Tracunhaém e Manuel Eudócio. Também são patrimônios vivos os seguintes grupos culturais: a Banda Curica, de Goiana – mais antiga do Brasil – o Teatro Experimental de Arte (TEA), de Caruaru, a Confraria do Rosário, fundada por escravos, o Clube de Alegorias e Crítica Homem da Meia Noite, de Olinda, o Maracatu Leão Coroado e o Caboclinho Sete Flexas (sic), do Recife. Selma do Coco, TEA e Caboclinhos Sete Flechas receberam o título em 2008.

Ano passado foram selecionados o Maestro Nunes, o Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu  e o Clube Indígena Canindé. Mestre Salustiano, Ana das Carrancas e Canhoto da Paraíba – que também foram contemplados - faleceram em 2008.

RECONHECIMENTO EM VIDA – Instituída em 2002, a Lei do Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco tem como objetivo reconhecer e valorizar as manifestações populares e tradicionais da cultura pernambucana, bem como garantir que mestres e grupos repassem seus conhecimentos às novas gerações de aprendizes. A Lei institui, no âmbito da administração estadual, o Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco. Aqueles que forem selecionados pelo conselho estadual de Cultura serão registrados pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco e terão como responsabilidade firmar um compromisso com a salvaguarda das manifestações das quais são representantes.

O principal trunfo da Lei de Patrimônio Vivo é que se reconhece ainda em vida o trabalho dos mestres e grupos culturais da terra na construção de um patrimônio cultural. A Lei prevê a concessão de bolsas vitalícias no valor de R$ 750,00 mensais para pessoas físicas e R$ 1.500,00 mensais para grupos culturais como incentivo do Governo de Pernambuco à realização e perpetuação de suas atividades. Além disso, os registrados na Lei do Patrimônio Vivo assumem a missão de transmitir os seus saberes e fazeres a aprendizes em eventos ou em programas de ensino e aprendizagem promovidos pela Fundarpe. O objetivo é manter e preservar as expressões da cultura popular e tradicional pernambucana.

Para quem quiser conhecer um pouco mais da história de cada Patrimônio Vivo do Estado, o Portal Pernambuco Nação Cultural disponibiliza conteúdo neste link. Já parte do acervo de candidatos das edições anteriores se encontra digitalizado e fica acessível ao público para consulta na biblioteca da Fundarpe. Outra rica fonte de informação é o Livro dos Patrimônios Vivos de Pernambuco, também disponível na internet pelo endereço: www.nacaocultural.pe.gov.br/cartilha-patrimonios-vivos-de-pernambuco

Confira a lista dos Patrimônios Vivos de Pernambuco

- Banda Musical Curica (banda filarmônica, Goiana)
- Caboclinho Sete Flexas (caboclinho fundado em 1973, Recife)
- Camarão (sanfoneiro, Recife)
- Clube Indígena Canindé (caboclinho, Recife)
- Confraria do Rosário (irmandade religiosa fundada provavelmente em 1777, Floresta)
- Dila (xilogravurista e cordelista, Caruaru)
- Fernando Spencer (cineasta, Recife)
- Homem da Meia-Noite (clube de carnaval, Olinda)
- Índia Morena (artista circense, Jaboatão dos Guararapes)
- J. Borges (xilogravurista e cordelista, Bezerros)

- José Costa Leite (xilogravurista e cordelista, Condado)
- Lia de Itamaracá (cirandeira, Itamaracá)
- Maestro Nunes (maestro de frevo, Recife)
- Manuel Eudócio (artesão em, Caruaru)
- Maracatu Estrela Brilhante (maracatu nação fundado provavelmente em 1824, Igarassu)
- Maracatu Leão Coroado (maracatu nação, Olinda)
- Nuca (artesão em cerâmica, Tracunhaém)
- Selma do Coco (mestra de coco de roda, Olinda)
- Teatro Experimental de Arte (grupo de teatro fundado em 1969, Caruaru)
- Zé do Carmo (pintor e escultor, Goiana)
- Zezinho de Tracunhaém (artesão em cerâmica, Tracunhaém)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Região Metropolitana do Recife monta o I Fórum de Gestores Públicos de Cultura em Pernambuco

Fórum de Gestores Públicos de Cultura da Região Metropolitana do Recife
 
O Fórum de Gestores Públicos de Cultura da Região Metropolitana do Recife é composto por secretários e gestores de cultura dos 14 municípios que formam a maior aglomeração urbana do nordeste e a quinta maior do país, a Região Metropolitana do Recife. São eles:
 
Abreu e Lima
Araçoiaba
Cabo de Santo Agostinho
Camaragibe
Igarassu
Ipojuca
Itamaracá
Itapissuma
Jaboatão dos Guararapes
Moreno
Olinda
Paulista
Recife
São Lourenço da Mata
 
 Desde a sua formação, o Fórum vem discutindo sobre políticas e programas de cultura no intuito de potencializar ações dos municípios nessa área. O objetivo é, sobretudo, estabelecer um intercâmbio de informações e criar um canal permanente para debates sobre a cultura do Estado. Além disso, representa um espaço para promover a articulação e troca de diálogos entre as cidades com o Estado e a União, sobre discussões que envolvem o Sistema Nacional de Cultura e às Leis que regem as políticas públicas para a cultura no país.
 
Em primeiro de julho de 2010, reuniram-se em assembléia, representantes dos 14 municípios da Região Metropolitana do Recife, com a finalidade de eleger a diretoria e o Conselho Fiscal do Fórum de Gestores Públicos de Cultura, sendo, ao final, aprovada por unanimidade da seguinte maneira:
 
DIRETORIA
  • Presidente: MÁRCIA SOUTO, representante do município de Olinda.
  • Vice-Presidente: EDVALDO JUNIOR, representante do município de Itamaracá.
  • Secretário Geral: RENATO LINS, representante do município de Recife.
  • Secretário de Finanças: IVAN LIMA FILHO, representante do município de Jaboatão dos Guararapes.
 CONSELHO FISCAL
  • Presidente: SERGIO AROUCHA, representante do município de Abreu e Lima.
  • Vice-Presidente: DANIEL PASSOS, representante do município de Camaragibe.
  • Secretário: JOSÉ LUIZ DA SILVA, representante do município de Moreno.
  • 1° Suplente: RINALDO COSTA, representante do município de Cabo de Santo Agostinho.
  • 2° Suplente: ADALBERTO EPAMINONDAS, representante do município de São Lourenço
  • 3° Suplente: ADENÉZIO MENEZES, representante do município de Itapissuma.
No dia 15 de setembro de 2010, no Palácio dos Governadores de Olinda, será realizada a solenidade da posse da Diretoria e do Conselho Fiscal do Fórum de Gestores Públicos de Cultura da Região Metropolitana do Recife, na qual estarão presentes representantes dos 14 municípios, além de autoridades de instituições ligadas a Cultura, artistas e produtores em geral.
 
Solenidade da posse do Fórum de Gestores Públicos de Cultura da Região Metropolitana do Recife
 
Dia: 15 de setembro, de 2010.
Hora: 10h.
Local: Palácio dos Governadores de Olinda (Rua de São Bento, 123, Varadouro, Olinda – sede da Prefeitura Municipal)
 

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

07 de Setembro: Este dia nasceu na Ilha de Itamaracá

Para entendermos um fato histórico, devemos antes e acima de tudo compreender o seu contexto de época e, principalmente, os acontecimentos que o antecederam e, conseqüentemente, o propiciaram. Uma revolução, uma guerra, uma revolta, não ocorre, assim, de uma hora para outra, por simples resolução ou capricho. Pequenos fatos vão se acumulando, como a água na represa, até chegarem à gota d'água definitiva, liberando as comportas da história para um único e derradeiro momento. Momentos esses, muitas vezes, representados por um nome, uma liderança - homem ou mulher -, que, na verdade, são apenas representantes dos anseios de gerações inteiras. Gerações de homens e mulheres anônimas vão fazendo aos poucos a história. Acumulando a água. Cabe às lideranças políticas situar os marcos dessa história anônima, tomando para si a hora e a vez de exercer um ato histórico, aqui, no caso, o da Independência do Brasil. A dom Pedro coube cravar o marco da independência no chão patriótico da história brasileira. Coube a ele abrir as comportas.
 
Antes da idéia vingar

A chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, fugindo da invasão francesa a Portugal, acaba sendo o começo de tudo, quer dizer, do processo da proclamação da independência. Podemos dizer que os brasileiros se acostumaram com essa presença real em solo pátrio, que passou a ter um gostinho de terra com lideranças próprias ou dona do próprio nariz.

No mesmo ano em que desembarcou, dom João abriu os portos "às nações amigas", fundou o Banco do Brasil e o Jardim Botânico. Em 1815, é criada a Academia Militar e da Marinha, além da Biblioteca Real e a Imprensa Régia. Dom João eleva ainda a condição do Brasil ao de Reino Unido a Portugal e Algarves. O objetivo, com isso, era fazer a monarquia portuguesa representar-se no Congresso de Viena, na Áustria, onde acontecia a reorganização do mapa político da Europa, depois de Napoleão ter sido derrotado.

No ano seguinte, uma Missão Francesa chega ao Brasil, a convite de dom João, com o intuito de desenvolver as artes no país. O grupo é composto por intelectuais e artistas contratados, como os pintores Jean Baptiste Debret, Nicolas Taunay e o arquiteto Grandjean de Montigny.

Disputa de influência

Ao se estabelecer no Rio de Janeiro, a Corte Portuguesa amplia o poder central nessa cidade, especificamente, e enfraquece as províncias. Para aumentar ainda mais as condições insatisfatórias em relação à diminuição da influência política, o desempenho ruim do açúcar suscita dificuldades econômicas nas regiões do cultivo da cana. Isto vai gerar, em 1817, a Revolta Pernambucana, que tem como fonte de inspiração a Revolução Francesa, a independência dos Estados Unidos e as lutas emancipatórias da América hispânica.

A Revolução contra os Portugueses (Revolução Pernambucana)  teve início no Recife em 06.03.1817, quando foi declarada a nossa INDEPENDÊNCIA. Durante 75 sangrentos e heróicos dias foram implantados uma República, com Presidente, Constituição, Liberdade de Imprensa, Ministérios, exército, marinha, embaixada e o início da abolição da escravatura, além da 1ª universidade, em Olinda, além da construção da 1° Bandeira de Pernambuco.


Na verdade a  Revolução Pernambucana estava prevista para explodir no mês de ABRIL-1817 em todo Nordeste, porém foi descoberta. Naquele fatídico dia 06.03.1817 os portugueses começaram a prender os conspiradores pernambucanos no Recife, tanto os civis como os militares.

Quando a tropa estava formada e os militares pernambucanos recebendo voz de prisão, o destemido capitão BARROS LIMA (“Leão Coroado”) transpassou e matou com sua espada o arrogante brigadeiro português MANOEL BARBOSA (que estava desmoralizando os oficiais brasileiros que conspiravam contra Portugal).

Daí por diante a guerra de alastrou, com batalhas memoráveis, culminando com a derrota dos PORTUGUESES e a conquista do Recife por parte dos patriotas revoltosos.

Com a conquista do Recife e seus fortes pelos patriotas pernambucanos, ficou a grande preocupação com o LITORAL NORTE, pois tudo dependia de Itamaracá e sua FORTALEZA DE SANTA CRUZ (o Forte Orange), altamente guarnecida e equipada. O Forte Orange poderia resistir por muito tempo e decidir a guerra.

É ai que entra em cena um dos mais valorosos e destemidos conspiradores:O Padre da Vila Velha. PEDRO DE SOUZA TENÓRIO!

O dinâmico PADRE TENÓRIO, educado na famosa Universidade de Coimbra, em Portugal, e havia sido designado para ocupar a paróquia da VILA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO (“VILA VELHA”, em Itamaracá). Ali desenvolveu um estupendo trabalho junto aos seus paroquianos, tanto no plano pastoral quanto na agricultura. Como Itamaracá era uma região rica, com dezenas de engenhos em pleno funcionamento, ensinou as mais modernas técnicas agrícolas, implantando novas culturas de cana de açúcar e máquinas revolucionárias para aquela época.

A CASA DO PADRE TENÓRIO era freqüentada constantemente tanto pelos paroquianos quanto pela elite intelectual e econômica da época, inclusive pelo historiador inglês HENRY KOSTER (que residiu em Itamaracá e deixou uma grande obra: “Viagens ao Nordeste do Brasil”).

Logo após eclodir a revolta em Recife, o Juiz de Goiana, o português JOSÉ ALEXANDRE SILVEIRA estava na casa do PADRE TENÓRIO, na Vila Velha, quando chegou a notícia da revolução e, ao perceber que o padre estava envolvido até os dentes, saiu em desabalada carreira e se refugiou no Forte Orange, cuja guarnição se preparou para a GUERRA.

O destemido PADRE TENÓRIO cercou o Forte Orange com os paroquianos e uma pequena tropa vinda em seu auxílio. Porém as muralhas e os imponentes canhões eram amedrontadores e imbatíveis.

Mas o religioso caridoso, inteligente e destemido, não queria derramar mais sangue em sua querida ILHA DE ITAMARACÁ, pois naquele forte muito sangue PERNAMBUCANO e HOLANDÊS já havia sido derramado.

Segundo relatado no romance “A NOIVA DA REVOLUÇÃO”, enquanto fazia o cerco, o PADRE TENÓRIO mandou perguntar se o Comandante do Forte Orange estava contra ou a favor do novo governo, e a resposta foi “quem quisesse saber fosse lá indagar, pessoalmente!...”

Um dos seus amigos e comandante daqueles poucos patriotas partiu para cima do vigário, pedindo para ele não ir, porque o risco era muito grande. Sozinho e desamparado, lá dentro, poderia ser preso, até mesmo morto, e o povo da ilha ficaria sem comando.

- E o que devemos fazer? – Perguntou Tenório.

- Atacar o forte!....

- Mas isso vai custar muitas vidas...

- É o preço a pagar pelas revoluções!...

A noite estava muito clara. Da sua posição eles podiam ver a imensa silhueta escura da bastilha, à beira-mar, cercada por coqueirais, destacando-se contra a lua cheia. O vigário ficou calado um bom tempo, contemplando-a e coçando a cabeça precocemente grisalha, até, finalmente, dizer ao comandante amigo:

- Se eu não for, daremos indício de fraqueza...

- Se for, será uma temeridade!...

- Façamos o seguinte – Tenório decidiu -: eu vou... E se, daqui a duas horas a nossa bandeira não estiver hasteada sobre os muros, ataque!...

TENÓRIO “então pediu outra pistola, ocultou-a embaixo do manto, ao lado da que já portava, apertou a corda que lhe cingia a cintura e seguiu em frente.”

Com passos firmes rumou sozinho até os grossos e intransponíveis portões da fortaleza, batendo TRÊS FORTES E CADENCIADAS PANCADAS e, mesmo sendo interpelado com nebulosas perguntas: “quem vem lá?”, TENÓRIO não se intimidou.

Aberto parcialmente o pesado portão, adentrou sozinho no Forte Orange e, alguns minutos após, rendeu toda a guarnição portuguesa e seus combatentes e deu voz de prisão ao Juiz de Goiana que ali se refugiara, obrigando-o a dar “VIVA A REVOLUÇÃO, VIVA A PÁTRIA E VIVA A LIBERDADE!”.

Este seu ATO DE BRAVURA deu grande ânimo aos revoltosos que dominaram todos os demais distritos, sendo o PADRE TENÓRIO imediatamente nomeado como SECRETÁRIO-AJUDANTE do novo governo, porém, meses depois, culminou com a sua condenação e enforcamento, quando os bravos e destemidos patriotas foram derrotados.

Pedro de Sousa Tenório, vigário de Itamaracá e um dos líderes da Revolução Pernambucana de 1817, foi enforcado, teve a cabeça decepada, as mãos cortadas, o corpo amarrado a um rabo de cavalo e arrastado pelas ruas do Recife.

A BELA REVOLUÇÃO durou apenas 74 dias, pois não houve tempo para preparar as outras províncias do Nordeste. Porém o exemplo de bravura dos patriotas não foi em vão: a INDEPENDÊNCIA foi conseguida CINCO anos depois, em 07.09.1822.

Dom João assume: Dom Pedro a caminho

A mãe de dom João, dona Maria I, "a rainha louca", morre, em 1818, ficando para seu filho a coroa. O regente é então coroado como Rei de Portugal, do Brasil e de Algarves, com o título de dom João VI. Em 1821, porém, o Parlamento português exige de Dom João VI o juramento antecipado da primeira constituição de Portugal e ordena a sua volta, uma vez que, no ano anterior, um movimento liberal e antiabsolutista havia sido deflagrado em Portugal, conhecido como a Revolução do Porto. Dom João VI retorna e se submete ao regime constitucionalista, mas não sem antes deixar seu filho mais velho, dom Pedro, como regente do Reino Unido do Brasil.

Ainda pressionado pelas Cortes Constituintes de Portugal, dom João VI manda chamar dom Pedro a Lisboa, que, naturalmente se nega a ir. Ele acredita que, por trás dessa pressão, se esconde a tentativa de esvaziar o poder monárquico. Estamos no ano de 1822 e sua decisão de ficar é anunciada no dia nove de janeiro, lembrado até hoje como o Dia do Fico. Dom Pedro não estava sozinho nisso. Contava com o apoio de alguns políticos brasileiros que, por defenderem a manutenção do Brasil como Reino Unido, organizam um abaixo-assinado, pedindo ao príncipe regente que permanecesse no Brasil. É o princípio do fim da influência portuguesa por aqui.

Dom Pedro e a independência

1822, ao que parece, é um ano decisivo. Dom Pedro anuncia sua insubordinação à Constituição Portuguesa, convocando a primeira Assembléia Constituinte brasileira. Depois de declarar que as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil seriam consideradas inimigas, o príncipe regente resolve assinar o Manifesto às Nações Amigas, escrito por José Bonifácio, o Patriarca da Independência. Com essa assinatura, ratifica o rompimento com as Cortes Constituintes de Lisboa e assegura "a Independência do Brasil, mas como reino irmão de Portugal". Os portugueses, no entanto, não aceitam a convocação da Assembléia Constituinte Brasileira e exigem a volta imediata de dom Pedro, ameaçando, inclusive, com o envio de tropas.

O príncipe não obedece ao Parlamento Português, proclamando a Independência do Brasil, no dia sete de setembro, e afirmando em documento oficial a separação política entre colônia e metrópole portuguesa. Ele é aclamado imperador em outubro daquele ano e coroado, dois meses depois, pelo bispo do Rio de Janeiro, com o título de dom Pedro I, imperador do Brasil.

Às margens do riacho

A história conta que, voltando de uma viagem a São Paulo, após visitar Santos, dom Pedro recebe notícias oriundas de Portugal, às margens do riacho Ipiranga. Ele não gosta nem um pouco do que acaba de saber e se convence, finalmente, de que deve se separar da metrópole. Diante dessa certeza, arranca do chapéu as cores de Portugal e, aclamado pelos que o acompanhavam, grita "Independência ou Morte".

Até abrir as comportas e deixar essa última gota d'água arrastar todo o conteúdo da represa, muitos fatos convergiram, propiciando o ato de dom Pedro.

O agravamento da crise do sistema colonial é um deles, trazendo revoltas no fim do século XVIII e início do XIX, como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e a Revolta Pernambucana de 1817, já explicitada. Movimentos esses motivados pela independência dos Estados Unidos, em 1776, e pelo processo da Revolução Francesa (1789-1799). A rejeição ao absolutismo monárquico e ao colonialismo aumentava internacionalmente. O crescimento do livre comércio induzia um clima contrário ao monopólio comercial português e ao excesso de impostos. A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, e sua posterior permanência, também concorreram, na prática, para cortar os laços coloniais com Portugal, preparando o grito do Ipiranga.

Uma verdadeira "Paladina da Independência"

A mulher de D. Pedro I, Carolina Josepha Leopoldina, arquiduquesa da Áustria, mais tarde Imperatriz do Brasil, aparece muito pouco na maioria dos livros de história. Sabemos que ela apoiava as atitudes do marido e que lhe escrevia cartas na sua ausência narrando os acontecimentos que antecederam à independência.

Pesquisando um pouco mais, é possível saber que essa jovem - quando veio da Áustria, em 1817, para casar com D. Pedro, tinha 19 anos apenas - participou silenciosamente mas com muita influência em todo o processo.

Descendente dos Habsburgo, o pai era chefe da Santa Aliança, pacto formado entre a Rússia, Prússia e Áustria para barrar o avanço de Napoleão. Do lado de Portugal, naquele momento, interessava o casamento com um aliado de peso, pois a Corte estava estabelecida no Brasil numa situação de fuga. Para seu país de origem, era interessante aquela aliança com o Novo Mundo.

Vinda de uma realidade muito diferente do Brasil, falava francês, inglês e alemão e também aprendeu português. Em suas cartas à família descrevia a sua dificuldade em se adaptar naquele país atrasado, mas elogiava aquela "terra de natureza bela e exótica". Em sua comitiva trouxe quem pudesse estudar e descrever as espécies animais e vegetais, assunto que despertava todo o seu interesse.

Participou fazendo pressão no episódio do Fico, colecionou documentos de apoio de mulheres brasileiras em prol da liberdade do Brasil, chegou a contratar mercenários na Europa para conter rebeliões no país. Como tinha muita instrução e conhecimentos de ciência política, era contra os falsos ideais libertários, acreditava que o caminho para o Brasil era seguir o exemplo da independência dos Estados Unidos e até depois da Independência do Brasil, pelas cartas enviadas ao pai, pelos conhecimentos que tinha do funcionamento da Assembléia Geral Constituinte do Império, vê-se como era informada sobre todo o processo.

Mesmo depois do conhecimento público de um romance entre D. Pedro e a Marquesa de Santos, D. Leopoldina nunca deixou de atuar politicamente, de forma positiva e a favor do Brasil.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Fundarpe abre inscrições para o Observa e Toca Malakoff 2010


Bandas interessadas em participar do projeto devem baixar o formulário no site da Fundação e entregá-lo preenchido na Coordenadoria de Música, das 10h às 16h

O segundo semestre de 2010 será marcado pela realização de mais uma edição do Observa e Toca Malakoff – projeto pioneiro realizado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) com o objetivo de dinamizar a Torre Malakoff com shows, debates e palestras abertos ao público durante os fins de semana.

Desde o ano passado, a Torre Malakoff vem marcando território como um espaço voltado para a discussão e troca de ideias sobre a cultura pernambucana, mais especificamente no campo da música. Foi em 2009, por exemplo, que no espaço, instalou-se a Coordenadoria de Música, aproximando a gestão pública da população.

INSCRIÇÕES – As bandas interessadas em participar do Observa e Toca Malakoff 2010 já podem fazer sua inscrição na Coordenadoria de Música, no horário das 10h às 16h, de segunda a sexta-feira. Basta efetuar o download do formulário no link ao lado [clique aqui] ou pelo Portal Pernambuco Nação Cultural (http://www.nacaocultural.pe.gov.br/) e enviá-lo devidamente preenchido à Torre Malakoff no horário acima indicado.

FORMATO – O Observa e Toca Malakoff deverá manter o mesmo formato do ano passado, mesclando apresentações musicais com debates, mesas redondas, cursos e oficinas voltados ao público interessado em música e em política cultural. A “cara final” do projeto será ainda fechada no próximo mês, mas sabe-se, por exemplo, que continuarão a acontecer os showscases com bandas consagradas e outras apresentações das bandas inscritas, que deverão passar por uma seleção.

HISTÓRICO – O ano passado foi muito frutífero para a área de música em Pernambuco. A consolidação do Observa e Toca Malakoff acabou por oxigenar a cena pernambucana, revelando seu potencial criativo. Ao todo, um público formado por cerca de 9 mil pessoas conferiu 94 shows de artistas renomados e novas bandas, de todos os estilos: jazz, forró, experimental, entre outros.

O Observa e Toca Malakoff se tornou um canal de divulgação da música pernambucana, tanto para artistas renomados quanto para os que estão buscando seu espaço na cena. Aconteceram 30 show-cases de artistas como China, DJ Dolores, Isaar e Lula Queiroga. A Coordenadoria de Música da Fundarpe recebeu 256 inscrições de bandas da nova safra da cena pernambucana para compor a programação musical.

No entanto, nem só apresentações musicais fizeram parte do Observa e Toca Malakoff 2009. Ao todo, foram 30 debates que contaram com a presença de 60 especialistas para discutir assuntos contemporâneos da nossa cultura em temas que iam desde gestão de casas e centros culturais, passando pela fusão do rap com repente e a presença das mulheres da cena musical pernambucana.

O projeto também ofereceu oficinas gratuitas de formação voltadas para produtores culturais, músicos, compositores, técnicos da área da música. Sessenta e três pessoas participaram de uma das três oficinas oferecidas ao longo do Observa e Toca Malakoff. O curso Técnico de Roadie, o primeiro a ser oferecido, ainda em março, foi ministrado por Wally e Cleidson. Em maio foi a vez do workshop sobre Direito Autoral, lecionado pelo músico e advogado Adriano Araújo. A última oficina, ministrada por Jameson Lima (Coquetel Molotov) e Jarbas Jácome (Som Barato) foi sobre Veiculação e Produção Musical Via Web.

SERVIÇO

Inscrições do Observa e Toca Malakoff 2010
Local: Coordenadoria de Música da Fundarpe - 1º andar da Torre Malakoff, Rua do Bom Jesus, s/ número, Bairro do Recife
Dias: de segunda a sexta-feira
Horário: das 10h às 16h