A Secretaria de Educação e Cultura, divulgou oficialmente hoje, os nomes dos homenageados do Carnaval Multicultural 2011. Este ano o Carnaval trará como tema “Um Carnaval que faz tremer milhares de corações". Este tema remete aos sons e as batidas produzidas pelos instrumentos percussivos ultilizados nos cultos afro-brasileiros e indígenas, que através da cultura, os povos reverenciam os seus ancestrais e o grande Deus criador do céu e da terra. Hoje, símbolos da musicalidade e indispensáveis na marcação do ritmo em vários estilos musicais, os tambores fazem a festa do carnaval aos toques do maracatu, caboclinho, frevos e sambas, envolvendo institivamente o ser humano, à raiz da sua própria existência contagiando às multidões que fazem a diversidade cultural da Ilha de Itamaracá. Nesta perspectiva homenagear Lia de Itamaracá e o Maracatu Estrela Brilhante significa valorizar o movimento negro como organização simbólica da construção da identidade nacional.
O homenageados do Carnaval Multicultural 2011 da Ilha de Itamaracá, Lia de Itamaracá e o Maracatu Estrela Brilhante possuem uma relação direta com a Ilha de Itamaracá, conforme relato descrito em suas biografias.
Maria Madalena Correia do Nascimento - a Lia de Itamaracá. Mulher simples, nasceu a 12 de janeiro de 1944 e nunca deixou a ilha, onde começou participar das rodas e cantar cirando quando tinha 12 anos de idade. Conhecida como a mais famosa cirandeira do Nordeste brasileiro, ela trabalhava como merendeira numa escola estadual de Jaguaribe e, por entendimento do Governo do Estado, passou a ser embaixadora da cultura de Pernambuco. Além de ciranda, Lia canta e compõe cocos de roda e maracatus.
Lia de Itamaracá gravou o seu primeiro disco em 1977, depois de 21 anos dedicados a compor e animar cirandas. O segundo disco saiu no ano 2000, lançado pela Ciranda Records e re-editado pela Rob Digital. Em 1998, Lia participou do Festival Abril Pro Rock, realizado entre Olinda e Recife, ocasião em que se tornou conhecida nacionalmente. Antes, Lia era famosa apenas na sua terra e entre compositores ou estudiosos da arte popular nordestina.
A compositora Teca Calazans foi uma das primeiras dessas pessoas dedicadas ao estudo da cultura popular do Nordeste a descobrir Lia. Em 1971, Teca estava em Itamaracá, onde costumava veranear, e conheceu Lia numa roda de ciranda. As duas acabariam fazendo alguns trabalhos juntas (resgate de canções de domínio público e composições delas). Mas a fama de Lia só ultrapassou os limites da Ilha de Itamaracá depois que outro respeitado cirandeiro (Antônio Baracho) lhe dedicou a seguinte ciranda:
Eu tava
Na beira da praia
Ouvindo as pancadas
Das águas do mar
Esta ciranda
Quem me deu foi Lia
Que mora na Ilha
De Itamaracá
Na beira da praia
Ouvindo as pancadas
Das águas do mar
Esta ciranda
Quem me deu foi Lia
Que mora na Ilha
De Itamaracá
Em 2001, Lia de Itamaracá levou a sua ciranda a Paris, onde lançou o CD “Eu Sou Lia” e onde fez várias apresentações. Em 2003, a cineasta carioca Karen Akerman começou registrar a vida da cirandeira, para um documentário que pretende realizar, sob o mesmo título de CD de Lia. Em reconhecimento de seu trabalho a FUNDARPE promoveu o seu Registro como Patrimônio Vivo. E o Governo Federal, através do Ministério da Cultura, a premiou com a medalha do Mérito Cultural.
Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu -
As origens do Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu, o maracatu mais antigo do Brasil em atividade, remontam a Ilha de Itamaracá, onde foi registrado, pelo inglês Henry Koster, no inicio do Século XIX, uma Coroação do Rei do Congo com a presença do vigário da paróquia. Os escritos do inglês confirmam os relatos de Maria Sérgia de Santana, a Rainha Mariú, matriarca do Maracatu, nascida em 1898 e falecida em outubro de 2003, aos quase 105 anos de idade.
Desde 1824, como contava, é que o Maracatu passou para seu pai, João Francisco da Silva, sendo posteriormente repassado para seu marido, Manoel Prospero de Santana, conhecido como \"Seu Neusa\", mestre de batuque da Nação. Com o marido, dona Mariú foi morar no Sitio Histórico de Igarassu, onde está a sede do Maracatu. Em Igarassu Seu Neusa e Dona Mariu construíram sua família de 19 filhos, dos quais 9 criados dentro da brincadeira. Dona Mariu dançava como Dama Regente, função que recebeu de seu pai, aos 12 anos de idade quando passou a cuidar de Dona Emilia, Boneca do Maracatu.
Hoje, a matriarca do Estrela Brilhante de Igarassu, é dona Olga, filha de dona Mariú, que lidera a agremiação com mais de 150 integrantes. Responde como mestre do batuque Gilmar de Santana, filho mais novo de dona Olga, que divide com sua mãe às resposabilidades de manter a tradição e o compromisso ancestral.
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